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DNA revela detalhes da formação do povo brasileiro — e estudo liderado por brasileira ganha destaque internacional
   
A estrelense Tábita Hünemeier é uma das líderes do projeto e referência internacional em genômica populacional

Por Divulgação
16/05/2025 17h06

Um estudo inédito publicado na revista Science revelou como o DNA da população brasileira carrega registros profundos da história de colonização, escravidão e miscigenação do país. O trabalho foi coordenado por 24 pesquisadores de 12 instituições, com destaque para a geneticista estrelense Tábita Hünemeier, uma das líderes do projeto e referência internacional em genômica populacional.

Tábita, que atua no Instituto de Biociências da USP e na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, explicou que a pesquisa é parte do projeto "DNA do Brasil", que desde 2019 busca mapear geneticamente a diversidade dos brasileiros. Segundo ela, os dados genéticos ajudam a contar a história do país de forma concreta: “Nosso trabalho tenta entender como a história dos povos originários se acopla à entrada dos europeus e ao processo escravagista. Como tudo isso embaralhou os genomas das pessoas de hoje?”, destaca.

Um dos principais achados mostra que mais de 70% das linhagens masculinas (cromossomo Y) são de origem europeia, enquanto o DNA mitocondrial, herdado pelas mulheres, é majoritariamente indígena (35%) e africano (42%). Isso comprova os chamados “relacionamentos assimétricos” da colonização: homens europeus com mulheres indígenas e africanas.

O estudo também evidencia a rica diversidade da ancestralidade africana no Brasil e a forte presença indígena na região Norte. Além disso, identificou períodos de intensa miscigenação entre 1750 e 1875, marcados por eventos como o Ciclo do Ouro e a chegada da Família Real portuguesa.

Para Tábita Hünemeier, o mapeamento genético oferece uma nova lente para compreender o passado e os impactos atuais da desigualdade no Brasil. “Essa interação histórica única molda um mosaico complexo de diversidade genética”, conclui a cientista.

 

Fonte BBC News Brasil

   

  

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